sábado, 15 de julho de 2017

A REFORMA TRABALHISTA (Rasgando a CLT, um retorna a escravidão)

A Reforma Trabalhista foi aprovada, rasgando a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho e com isso a Classe Trabalhadora como sempre é quem sai perdendo todos os direitos conquistados com muitas lutas.

Nesta reforma foi aprovado muitos absurdos como, por exemplo:

·         Hoje a carga horária de trabalho é de 8h diárias, mas com a nova reforma trabalhista os trabalhadores e as trabalhadoras poderá trabalhar  até 12h diárias e o pior é não terá aumento em seu salário.
·         Outro absurdo é que ao completar um ano de trabalho o trabalhador a trabalhadora tem o direito de gozar um mês de férias, ou seja 30 dias. Com a nova lei isso muda o trabalhador terá um mês de férias só com uma condição, as férias pode ser parcelada em três vezes e este parcelamento quem determina é a empresa e não o funcionário, o patrão fará isso a seu desejo e necessidade.
·         As horas extras. Quem faz hora extra como forma de aumentar seu pequeno salário pode tirar o cavalinho da chuva. Ou seja os trabalhadores e as trabalhadoras fará as horas extras serão em forma de banco de horas, e mais uma vez é a empresa que determinará o dia de folga.
·         Em caso de demissão. Quando o trabalhador e a trabalhadora é demitido tem o direito a multa rescisória de 40% em cima  do FGTS e ao seguro desemprego, com a nova mudança essa multa cai pra 20%. Para sacar 80% do FGTS o trabalhador (a) terá que abrir mão do seguro desemprego. É um verdadeiro absurdo.

Companheiros e companheiras, estes são alguns prejuízos que nós trabalhadores e trabalhadoras terão com a nova reforma trabalhista, e tem muito mais prejuízos, para saber mais sobre isso é só ler o texto na integra no site do Senado Federal.

A Reforma Trabalhista é rasgar a CLT é o retorno a escravidão.

FORA TEMER, DIRETAS JÁ.


Rev. Daniel Barbosa (MEP – Movimento Evangélico Progressista)

sexta-feira, 14 de julho de 2017

NOTA DE REPÚDIO À BANCADA EVANGÉLICA DO CONGRESSO:

Em meio à aprovação da nefasta reforma trabalhista, venho aqui deixar claro o meu repúdio aos deputados e senadores evangélicos que votaram a favor da mesma.

A Bíblia, que tenho por Palavra de Deus, ensina claramente que existem classes de pessoas que Deus ordena que sejam protegidas: pobres, órfãos, viúvas e estrangeiros. Ensina que por causa da escravidão de Seu povo no Egito, Deus levantou Moisés para libertá-los e os conduzir à Terra Prometida.


Ensina que Deus abomina a opressão dos pobres e age sempre em favor dos mesmos.



Mas ao apoiar a nefasta reforma trabalhista, os parlamentares evangélicos não somente ignoraram o que Deus ensina, como também fizeram exatamente o contrário, votando em uma mais pobres de serem escravizados pelos detentores do capital. proposta que retira os poucos direitos que ainda protegiam os trabalhadores


Com seus salários exorbitantes e todas as suas regalias, esquecem de pensar naqueles que precisam acordar de madrugada e pegar 2 ou 3 ônibus, para chegarem ao trabalho e se matarem por um salário mínimo. Aprovam uma proposta que não garante emprego com seguridade, conforme apontam estudos das mesmas instituições que tais legisladores utilizam como base para justificar tais reformas. Se aliam com os grandes rentistas e com os mais ricos e poderosos, que só pensam em ganhar cada vez mais, mesmo que Legislam para eles (uma minoria) e não para a maioria da população. E terminam para isso tenham que tirar ainda mais de quem ganha menos. Ao invés de protetores dos pobres e menos favorecidos se tornam bajuladores dos mais ricos. por se lambuzarem na lama de um sistema cada vez mais corrupto ao invés de corrompidos. lutarem pela transformação da sociedade. Se envolvem em escândalos e são


Votando nessa reforma

trabalhista ajudam a permitir que mulheres gestantes trabalhem em condições insalubres, que a jornada de trabalho aumente para 12 horas, que o intervalo para almoço seja diminuído. Votando nessa reforma legislam em prol dos mais ricos e não em prol dos mais pobres. Terminam por ignorar o que se encontra escrito na Palavra de Deus:


"Não roubes ao pobre, porque é pobre; nem oprimas ao aflito na porta; porque o Senhor defenderá a sua causa em juízo, e aos que os roubam lhes tirará a vida". (Provérbios 22.22-23)

"O que oprime ao pobre insulta ao seu Criador; mas honra-o aquele que se compadece do necessitado". (Provérbios 14. 31)


Fica aqui então o repúdio aos parlamentares evangélicos que votaram favoravelmente à essa reforma nefasta.


Prof. Luciano Vasconcelos Jr.
·         Historiador
·         Anglicano

·         Membro do MEP

quarta-feira, 28 de junho de 2017

O MEP PARTICIPA DA AUDIÊNCIA REFORMA TRABALHISTA.


Hoje, dia 28 de Junho de 2017, o SISMAL - Sindicato dos Servidores Municipais de Abreu e Lima, promoveu uma audiência pública com o relevante tema: A REFORMA TRABALHISTA. 

Tendo como palestrante a economista do DIEESE: Jackeline Natal.

Na oportunidade e a convite da direção do sindicato na pessoa do seu presidente Paulo Freitas, o Reverendo Wellington, tomou acento na mesa representando o MEP - Movimento Evangélico Progressista e a IAOB.- Igreja Anglicana Ortodoxa no Brasil                        

Em sua intervenção. O Reverendo Wellington ressaltou a importância da classe trabalhadora e todas as igrejas se posicionarem contra o desmonte de conquistas que garantem os direitos do futuro nosso e de nossos filhos, que não podemos, quanto servos de Deus na pessoa de seu filho Jesus, compactuarmos com as injustiças e opressão contra o povo, uma vez que nosso salvador pregou, viveu e morreu por nossa libertação. Não podemos nos colocarmos na condição de escravos se ele nos libertou ! Escravos, só de Cristo ! E por livre escolha !      

Não podemos nos colocarmos na condição de escravos se Ele (Jesus) já nos libertou ! Escravos, só de Cristo ! E por livre escolha !

FORA TEMER
DIRETA JÁ

Rev. Wellington   


               

sábado, 25 de março de 2017

MORADIA: UM DIREITO DE TODOS E DE TODAS.


O MEP sempre presente na luta do povo. 

Estivemos presente hoje dia 25/03/2017, na Assembléia na Ocupação CAROLINA DE JESUS. no bairro do Barro na cidade do Recife. Ocupação organizada pelo MTST, A ocupação estar com 1.500 famílias.

O MEP representado pelos reverendos DANIEL BARBOSA e WELLINGTON, ambos clérigos da IAOB - IGREJA ANGLICANA ORTODOXA NO BRASIL. Na ocasião nos colocamos a disposição dos companheiro e companheiras, para juntos lutar por moradia digna para todas as pessoas.






O MEP vem aqui pra nos unir nessa trincheira na luta do povo. " Se moradia é um direito, ocupar é um dever." Firmes na luta.

Também queremos parabenizar o MTST pela grande e justa homenagem a companheira CAROLINA MARIA DE JESUS. Mulher, pobre, e negra. Apesar do seu pouco estudo escreveu o Livro QUARTO DE DESPEJO: DIÁRIO DE UMA FAVELA. Na pratica este livro é um relato do seu cotidiano.




O PAPEL DA IGREJA HOJE.



Uma visão da Teologia Holística a Missão Integral da Igreja.

“Sabemos que até hoje a criação geme e padece como em dores de parto.” (Romanos 8:22)

Ser relevante é um grande desafio para nós hoje como Igreja. Para isso é preciso reafirmamos princípios e compromissos que visem as transformações sociais e estruturais de nossa sociedade, na defesa da ética, da justiça, e da democracia.

Conforme romanos 12:2 nos diz que a fé cristã é uma fé transformadora, uma fé que não se molda ao modelo esta sociedade, mas, tem o compromisso de transformá-la de acordo com a vontade de Deus é agradável, perfeita e boa. A fé cristã e sem duvida uma fé revolucionária.

O momento atual em que vivemos nos traz grandes desafios, os quais requer muito de nós. Sendo verdadeiramente “Sal e Luz” como dizia nosso saudoso bispo Robinson Cavalcanti. “A Igreja está cheia de sacas de sal e de caixas de lâmpadas.” A Igreja tem se transformado em deposito, e não em agencias de transformações históricas, é preciso resgatar esta dimensão da Igreja.

A atual conjuntura exige muito, exige-nos um evangelho atual e atuante, é preciso fazer uma releitura política da sociedade e interpretar as necessidades que aflige o povo brasileiro, elaborando propostas e projetos com perfil fortemente popular, em conjunto com os demais seguimentos da sociedade.

Portanto, somos crentes no Senhor Jesus Cristo compartilhando a difícil tarefa de levar a igreja a ter uma visão e prática política comprometidas com os interesses do povo. Somos todos e todas criados em Cristo, à imagem e semelhança de Deus, somos seres humanos iguais e essa igualdade deve ser manifesta no respeito aos direitos e às oportunidades para todos e todas. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos.(Efésios 2:10)

Como crentes no Senhor Jesus Cristo devemos entender que todas as formas de opressão religiosa, política ou de expressão, são igualmente odiosa e contrária à fé cristã, contraria também ao propósito de Deus. “O ladrão só vem para roubar, matar e destruir; mas eu vim para que as ovelhas tenham vida, a vida completa.” (João 10:10)
Considerando que somos crentes no Senhor Jesus Cristo devemos nos engajar pela nossa vida e pelo nosso testemunho cristão, na luta para que a Declaração Universal dos Direitos Humanos seja verdadeiramente praticada. Em todos os âmbitos da sociedade. Nenhum direito a menos.

Criados e criadas a imagem de Deus é nossa responsabilidade o cuidado, pela preservação dos meios naturais, reconhecendo na degradação da natureza uma agressão à obra divina. E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.” (Gênesis 1:26)

Por fim, é nosso compromisso com cristão identificar no sofrimento dos injustiçados, nos gemidos dos maltratados e no clamor dos excluídos a Ordem divina e, que sejamos verdadeiros sinais de esperança entre aqueles que, com destemor e coragem, lutam por uma sociedade mais justa e igualitária. Como lemos em Tiago 2:17 Assim também a fé, por si só, se não for acompanhada de obras, está morta.”

Que Deus nos abençoe.

Rev. Daniel Barbosa



 


REFORMA DA PREVIDÊNCIA


Na noite do dia 23/03/2017 o MEP esteve com o senador Humberto Costa e o ex-ministro da Previdência Social Carlos Eduardo Gabas em um importante debate sobre os impactos do projeto de Reforma da Previdência defendido pelo governo do presidente golpista Michel Temer.

O encontro aconteceu na sede do SINDSEP, no Recife. FOTO: Ex-ministro Carlos Eduardo Gabas, Vereadora Marília Arraes - PT/PE (Neta do ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes), Senador Humberto Costa e os Reverendos Wellington e Daniel Barbosa, responsáveis estadual do nosso- MEP (Movimento Evangélico Progressista.) e da IAOB - Igreja Anglicana Ortodoxa no Brasil.

FORA TEMER.



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

MANIFESTO SOCIAL



Graça e Paz da parte D’aquele que era, e que há de vir, “por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e derreterão. Nós, porem, segundo a sua promessa, esperamos novos céus e nova terra, nos quais habita justiça”.
No propósito de declarar nossa consciência de que a vida nos apresenta desafios para que sejamos dignos de ser chamado evangélico, o Movimento Evangélico Progressista – MEP Apresenta o seguinte pronunciamento social:

1.    RECONHECEMOS:
                      I.        DEUS é o principio e o fim de todas as coisas, Poe Ele e para Ele todas as coisas foram criada e subsiste.
                    II.        A vida dos homens e dos povos não tem sentindo se não for vivida segundo o propósito de Deus, no poder de sua Graça, sob o juízo constante de sua Palavra e no pleno reconhecimento de Sua soberania.
                   III.        Criado em Cristo, à imagem e semelhança de Deus, todos os seres humanos são fundamentalmente iguais e essa igualdade deve ser manifesta no respeito aos direitos e às oportunidades para todos.
                  IV.        Todas as formas de opressão religiosa, política, ou econômica, todas as formas de discriminação racial, todas restrições à liberdade de pensamento e de expressão, são igualmente odiosas e contrarias a fé cristã.
                   V.        Nenhuma ordem social é inteiramente cristã. Aproxima-se mais desse ideal aquela em que os direitos e deveres dos cidadãos forem mantidos em justo equilíbrio, em que for garantido a todos o pleno desenvolvimento de suas potencialidades para a realização do bem comum.

2.    NOSSA INSERÇÃO DECLARADA E ASSUMIDA.
Em voto, perene, na tradição cristã nos habilita à herança da promessa feia a Abraão, e nos atribui as responsabilidades correspondentes, de construir uma grande nação onde sejam benditas todas as famílias e todo ser humano tenha os meios e oportunidades de ser uma benção. Essas responsabilidades devem ser assumidas nas situações concretas em que vivemos.

Assim, é nosso dever:
                   I.        Denunciar, por atos e palavras, como e perigoso o sistema que consagra os valores econômicos como valor maior a ser buscado pelo ser humano e convalida todos os meios de alcançar a prosperidade, inclusive a divisão definitiva e irrevogável da sociedade entre poderosos e excluídos.
                  II.        Engajar-nos, a qualquer preço, pela nossa vida e testemunho, na luta para que a Declaração Universal dos Direitos Humanos seja praticada, reconhecida como providencia divina para que os seres homens vivam em união.
                 III.        Participar, ativa e intercessoriamente, da luta pela prevenção dos meios naturais, reconhecendo na degradação da natureza obra demoníaca.
                IV.        Reconhecer, no trabalho manual ou intelectual, a possibilidade humana de participação na obra criadora de Deus, que, como  tal, deve ter preservadas as oportunidades de seu exercício em condições de justiça e  dignidade.

3.    NOSSO COMPROMISSO:
Identificar no agudo sofrimento dos injustiçados, nos gemidos dos maltratados e no clamor dos excluídos a ordem divina e, inequivocamente, clara que sejamos sinais de esperança entre aqueles que, com destemor e coragem, lutam:
- Contra qualquer forma de desrespeito aos Direitos Humanos.
- Contra o sistema econômico que aprofunda, cada vez mais, o abismo que separa palácios e barracos, misérias degradantes e exibição acintosa de opulência, ao legitimar os meios de se obter lucros abundantes em detrimento de oportunidades de emprego;
- Contra discursos  que, por equivoco desonestidade, vem sistematicamente destruído todas as nações de patrimônio ao disseminar com diabólica insistência a ideia de que vale a pena destruir ecossistema inteiro, jazidas cujo valor para o futuro da nação é incalculável, tecnologias acumuladas durante décadas, para transformar tudo em dinheiro que costuma escoar-se pelos ralos da corrupção;
- A favor de uma reforma agrária tão ampla e tão completa quanto o exigem a vastidão de nosso país e as dimensões de nossa degradante miséria, para que a terra cumpra o propósito divino segundo o qual o homem deve tirar da terra o seu sustento;
- A favor da participação cada vez maior do cidadão, nesta condição, na gestão dos bens sociais a fim de que se destrua a absurda afirmação tácita de que alguns seres humanos foram feitos para mandar e a maioria para obedecer, e outros ainda para exclusão, vivendo alijados do processo, alimentando-se das migalhas que caem das mesas dos primeiros.

Obs.:
a)    A base teológica deste texto reproduz o manifesto social da Igreja Presbiteriana do Brasil, com redução feita pelo redator.
b)    O único objetivo deste texto é servir de rascunho para documento que deverá ser aprovado concomitantemente com o estatuto do MEP.
c)    Pretendi organizá-lo assim:
1.    Base teológica;
2.    Pressupostos  que legitimam nosso direito de identificação como evangélicos;
3.    Idem, idem, como progressistas.


ATENÇAO: Este é um dos textos históricos do MEP.

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Perspectivas no Movimento Cristão Mundial - A Teologia de Lausanne, Evangelho e Cultura - Parte dois.

5. PROTESTANTISMO E CULTURA BRASILEIRA: DESAFIOS
Temos de reconhecer o fato de que, depois de cinco séculos, e com o estágio de desenvolvimento em que nos encontramos, com toda riqueza cultural, uma ampla parcela do nosso povo — inclusive das elites — não tem assumido a sua identidade, compartilhando-a, e continuamos a ser uma nação de deslumbrados, como procurei apontar em recente trabalho denominado Nós e eles — a construção da brasilidade cristã.

Assinalo que o nosso primeiro modelo foi, obviamente, Portugal, quando algo somente tinha valor se viesse da Metrópole, do Reino: A pimenta... do reino; o queijo... do reino! Com a vinda da família real e com o Tratado de amizade, navegação e comércio, entramos na esfera de influência cultural britânica: batata... inglesa; casimira... inglesa. Em plenos trópicos, usávamos a última moda... de Londres! Com a República, passamos a nos encantar com a França. É a vez do pão francês, dos Colégios Sacré Coer ou Sion, da etiqueta, e do suspiro de um dos nossos intelectuais: “Ver Paris, e depois morrer!”. Nos anos 30, com o nazismo e o fascismo, fomos influenciados pelo autoritarismo alemão e italiano, e pelo racismo, quando nos considerávamos, mestiços, como uma “sub-raça”.
Após a Segunda Guerra Mundial, com Hollywood e a Coca-Cola, descobrimos a América, e a influência cultural norte-americana foi se hipertrofiando e reduzindo as anteriores, tendo seu apogeu no período do regime militar, com o Acordo Cultural MEC-USAID, e com a antológica frase do nosso então ministro das relações exteriores Juracy Magalhães“O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”.
Enfim, expressões como a do Conde Afonso Celso: “Porque me ufano de ser brasileiro”, ou a do poeta “Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste”, fica apenas para dia de jogo da Copa do Mundo de futebol...
Como protestantes, temos, desde o início de nossas missões no Brasil, estado às voltas com o dilema apresentado em um texto clássico do teólogo peruano, Samuel Escobar, um dos fundadores e dirigentes da Fraternidade Teológica Latino-Americana (FTL): “O evangelho e a roupagem cultural anglo-saxã”. Creio que episódios como a criação da Igreja Evangélica Brasileira, ainda no século XIX, da Igreja Presbiteriana Independente (IPI) e do Movimento Radical Batista, nas primeiras décadas do século XX, a atuação da Confederação Evangélica do Brasil (CEB), de 1934 a 1964, e, posteriormente, a atuação da FTL sinalizaram uma preocupação com a aculturação e a inculturação, para o desafio de assumir a nossa história e a nossa cultura, a nossa identidade continental, nacional e regional, na encarnação da missão do Reino.
Mas, em tempos da teologia da batalha espiritual e dos produtos gospel, ouvi, no ano passado, em um congresso sobre avivamento, de um pastor batista renovado independente, a seguinte pérola: “Como a cultura ibérica é católica romana, e, em decorrência, idólatra; e como as culturas afro e ameríndias são macumbeiras, não há nada a se aproveitar na cultura nacional, e, como tal, o protestantismo brasileiro tem que se construir pela importação das culturas “evangélicas” anglo-saxã, germânica e escandinava”.
Ao que parece, os movimentos de busca de um protestantismo com caráter verde-e-amarelo, um protestantismo com rosto brasileiro, que motivou intelectuais e líderes eclesiásticos no passado, ficaram no passado, sendo pouco conhecidos das gerações atuais. Há uma passividade, ou resignação, como se a importação indiscriminada do que se produz nos Estados Unidos da América fosse algo inevitável, ou da natureza das coisas, ou o melhor para nós.
De lá nos chegam os mórmons e as testemunhas de Jeová, o fundamentalismo e o liberalismo, a teologia da prosperidade e a teologia da batalha espiritual, o movimento apostólico e os movimentos centrados em personalidades fortes; de lá nos chegam ondas sucessivas de métodos e macetes, que aqui devem ser adotados acriticamente por suas franquias, segundo a máxima: “Nada se cria, tudo se copia”.
Há uma certa similitude entre o mundo da época apostólica, sob o Império de Roma e a cultura greco-romana e o nosso tempo globalizado com a cultura anglo-saxã. Os americanizados do presente, como os saduceus do passado, adotam o modo de pensar da cultura forânea hegemônica, desvalorizam uma identidade nacional, falam com sotaque.
No louvor, apenas trocamos os ritmos forâneos antigos pelos ritmos forâneos mais recentes, com o agravante de um visível decréscimo em seu conteúdo teológico, sem falar no vernáculo.
Toda essa conjuntura de importação cultural tende a dificultar a construção desse almejado protestantismo firmado nas raízes do Brasil, em sua história, sua literatura, sua arte, e inibe a criatividade de um pensamento evangélico autóctone.
Creio que se pode parafrasear o poeta: “As aves que aqui (no Brasil) gorjeiam; gorjeiam como lá (nos Estados Unidos)”.
E me pergunto: haverá “bancada brasileira” diante do Cordeiro, ou o louvaremos com sotaque?
6. EVANGELICALISMO, CULTURA E GLOBALIZAÇÃO
A partir da Idade Moderna, com o Renascimento, a Reforma, os Descobrimentos e o estabelecimento de potências imperiais, o mundo tem vivido o fenômeno geo-político-cultural denominado de eurocentrismo: a Europa como centro. Portugal, Espanha, Holanda, França e Inglaterra forjaram os seus impérios, com suas armas e sua cultura, inclusive em sua dimensão religiosa. A Grã-Bretanha — tendo como apogeu os meados do século XIX e o reinado da rainha Vitória — construiu o maior império de toda a História, incluindo um quarto do território e um quinto da população mundial. Essa fase eurocêntrica vai do século XVI à segunda metade do século XX, e o movimento de descolonização. Ocorre que, pela primeira vez na História, um império é substituído por outro da mesma cultura e da mesma língua: a Grã-Bretanha pelos Estados Unidos da América.

Este emerge no pós-Segunda Guerra Mundial, com a nova fórmula chamada de neocolonialismo. Embora tenha patrocinado tratados regionais (como a OTAN) durante o período da chamada Guerra Fria, com a União Soviética, e mantenha hoje cerca de 400 bases e outros estabelecimentos militares em todos os continentes, não há, por parte dos Estados Unidos, a não ser em caráter emergencial e transitório, uma ocupação militar, mas predomina o chamado “soft power”, que é o controle pela via econômica, financeira e cultural. Diga-se de passagem que as histórias dos Estados Unidos e da Rússia, iniciando, no caso do primeiro, com as 13 colônias do Atlântico, e, no caso da segunda, com Grão-Ducado de Moscou, são semelhantes em seu expansionismo territorial: o primeiro chegando ao Pacífico e o segundo a Sibéria, ambos se encontrando no Alasca.
A Guerra Fria já foi comparada às Guerras Púnicas entre Roma e Cartago. O fim das Guerras Púnicas trouxe a pax romana; o fim da Guerra Fria, a pax americana. Há hoje, sem dúvida, uma ordem internacional marcada pelo caráter geopolítico e militar monopolar com os Estados Unidos como única potência, e pelo caráter geoeconômico oligopolista com o G-8. A expansão do Islã, movido a petrodólares, e o crescimento espantoso da China abrem uma interrogação para o futuro. Enquanto a Rússia tenta se afirmar como potência média, apoiada pelo pan-eslavismo e a Igreja Ortodoxa, registra-se o fato novo dos BRICS, ou países emergentes (onde se inclui o Brasil), dois deles são ex-colônias britânicas: a Índia e a África do Sul.
Esse neocolonialismo norte-americano e a realidade de uma ordem internacional que facilita a circulação de bens e capitais, e dificulta a circulação de pessoas, de forma assimétrica política, militar e econômica — em que as ideias não são tampouco frutos de um intercâmbio simétrico, mas do unilateralismo de um centro para uma periferia —, têm levado pensadores franceses a preferir o uso da expressão mundialização no lugar de globalização. Mundialização da cultura norte-americana.
O predomínio de uma cultura — particularmente de um idioma — em um dado momento histórico não se dá porque essa cultura seja superior, mas porque ela é respaldada por uma superioridade econômica e militar. Já se tem afirmado, porém, que a História é um cemitério de impérios e um museu de imperadores. A toda ascensão, se segue um apogeu, e, depois, um declínio. Por outro lado, em um processo de hegemonia, os impérios procuram convencer que os seus interesses e os de suas colônias são coincidentes (nada mais longe da verdade), e procuram cooptar cérebros das colônias, para que pensem os seus pensamentos, e não os dos seus povos nativos.
Asfixiado pelo eurocentrismo, primeiro, e pelo americanismo, depois, os povos periféricos reagem com o que sociólogos denominam de “recorrência cultural”: o familismo, o tribalismo, o nacionalismo, o regionalismo, tentando preservar as suas identidades.
Se a expansão do cristianismo católico romano e protestante veio na esteira do colonialismo e do neocolonialismo (a ortodoxia oriental tinha raízes fora desses centros), o espírito do Congresso de Lausanne (e dos congressos regionais decorrentes), no tocante ao empreendimento missionário, procurou descolar o cristianismo dessa realidade geopolítica, quando propôs: “O Evangelho de todo o mundo para todo o mundo”, ou seja, no lugar de um unilateralismo, um multilateralismo.
Como fatos novos, são dignos de registro, para o século XXI: a revitalização; a radicalização e a expansão das antigas religiões, particularmente do Islã; o declínio do cristianismo na Europa Ocidental e na América do Norte, frutos do secularismo externo e do liberalismo interno; e o crescimento vertiginoso do cristianismo no hemisfério sul, tão bem analisado por Phillip Jenkins em sua obra A próxima cristandade.
O espaço euro-ocidental, nesses tempos tidos como pós-modernos, vem construindo uma cultura pós-cristã, e é essa cultura pós-cristã que vem sendo exportada, e com a qual nós, brasileiros e evangélicos, temos de lidar.
O desafio externo vem em forma do secularismo, com uma compreensão peculiar do que seja separação entre Igreja e Estado, mas que, no fundo, promove uma agenda antirreligiosa, e, particularmente, anticristã, no sentido de que a religião deveria ser algo radicalmente privado, em termos de pessoas, lares e templos, sem voz na esfera pública. Uma religião monoteísta de revelação seria algo tido como negativo, diante da proposta multiculturalista e relativista. Os secularistas travam uma batalha no que diz respeito aos símbolos, advogando a sua erradicação dos espaços públicos, onde “ofenderiam” os demais. Isso inclui também a substituição da demarcação histórica do “antes” e “depois de Cristo” pelo “antes” e “depois da era comum”, e a retirada de tábuas da lei, crucifixos, árvores de Natal. A saudação Feliz Natal deveria ser substituída por Boas Festas, e deveriam inexistir os feriados dos dias santificados.
O alvo é eliminar a visibilidade simbólica da fé (particularmente da fé cristã) por sua forte mensagem silenciosa. E aqui muitos evangélicos, que cultivam uma atitude iconoclasta, sempre desvalorizando os símbolos e confundindo arte sacra com idolatria, bem como os que advogam um estilo despojado ou “esportivo” da religiosidade, terminam por serem, na prática, inocentes úteis, companheiros de viagem, ou colaboradores involuntários e inconscientes do processo secularista, fazendo gol contra. Os símbolos estão no centro da cultura, e um conflito cultural é, em muito, um conflito de símbolos.
O fim de utopias como o socialismo e o anarquismo, especialmente em um contexto de passado puritano, deu lugar a uma manifestação original de um moralismo de esquerda, em termos da chatíssima ideologia do “politicamente correto”.
Um segundo desafio externo, na pós-modernidade, é a substituição da via única moderna da razão para se chegar à verdade, por uma crença que não há nenhuma via e nenhuma verdade, e que o único absoluto é o relativo.
Na esteira do secularismo e do relativismo, temos nos confrontado com a agenda GLSTB (Gays & lésbicas & simpatizantes & transgêneros e bissexuais), quando nós que afirmamos a dignidade de toda pessoa humana e os direitos civis de todos os cidadãos estamos sendo pinchados como homofóbicos, e ameaçados de prisão, por não concordarmos com a normalidade e a inevitabilidade do homoerotismo, em uma verdadeira expressão de heterofobia. Essa minoria trava a batalha cultural no âmbito das artes e da comunicação e, nos órgãos de governo, utilizam argumentos pretensamente científicos, e em forma de um rolo compressor.
Isso implica, como sempre, a necessidade de apologistas.
O desafio interno vem, principalmente, em forma do liberalismo revisionista, que incorpora elementos do secularismo e do relativismo no interior do espaço eclesiástico, negando a autoridade revelacional das Sagradas Escrituras, a singularidade de Cristo na salvação e a singularidade da Igreja como agência de salvação, bem como toda verdade doutrinária ou comportamental.
Isso implica, como sempre, a necessidade de polemistas.
Se a mundialização da cultura norte-americana nos vem tanto externamente pelo secularismo, como internamente pelo liberalismo, revela-se inadequada nossa atitude de importar, também de setores da cultura norte-americana, respostas a esses desafios, em termos de fundamentalismo ou de um sem número de igrejas-paradigmas, modelos e métodos.
O evangelicalismo precisa aprofundar e atualizar o conhecimento de sua história e dos seus postulados, enquanto, sem xenofobia, se recusa a reter o bem de onde vier; ele precisa se fortalecer nas raízes do Brasil, e precisa de discernimento, erudição e coragem para a tarefa da polêmica interna e da apologia externa, se é que queremos desenvolver um evangelicalismo que implique uma contribuição para a nossa cultura, e da nossa cultura para o palco do entrechoque da cultura hegemônica norte-americana com um novo mundo que se avizinha.
7. CULTURA: CONFLITO HISTÓRICO E ESPIRITUAL
O Mandato Cultural foi entregue por Deus à humanidade na Ordem da Criação, a esta cabendo o procriar e povoar, o criar, o dominar a terra (Gn 1.28-30). O Mandato Cultural é uma ordem, um dever e uma honra. Os traços materiais e imateriais da cultura atestam que somos continuadores da obra da criação. Hoje, contudo, não vivemos essa realidade original. O pecado nos expulsou do Paraíso para a História, da eternidade para o tempo, da vida para a morte, da perfeição para a imperfeição. E assim permaneceremos até a Ordem da Restauração, com o novo céu e a nova terra. Entre o Paraíso e a Nova Jerusalém vamos construindo, desconstruindo e reconstruindo culturas e civilizações marcadas por uma natureza humana caída, marcadas pelo pecado.

Daí o equívoco de se pretender santificar ou demonizar in totum essa ou aquela cultura. A teologia de Lausanne nos chama a atenção para o fato de que, em cada cultura, encontramos manifestações que atestam a imagem de Deus em nós mantida; outros aspectos que são adiáforos, indiferentes ou neutros; outros que atestam a marca do pecado, e, ainda, outros que sinalizam uma clara presença do demoníaco. À luz das Sagradas Escrituras, iluminados pelo Espírito Santo, e instruídos pelo consenso histórico dos fiéis, somos chamados a desenvolver um senso crítico em relação às culturas, tanto as do passado quanto as do presente, tanto as dos outros quanto a nossa. Os cristãos não podem aderir, embarcar acriticamente nas ondas culturais do seu tempo, mas discerni-las, ora participando criativamente no fomento aos valores do Reino de Deus, como sal e luz — o que já foi denominado de “evangelização da cultura” — ora criticando, confrontando e resistindo ao espírito do século, quando for o caso.
Por outro lado, temos consciência da existência de um conflito cósmico, um conflito de potestades do bem e do mal nas regiões celestes, e que há uma relação entre as potestades espirituais da maldade e os poderes materiais da maldade. O equívoco da teologia da batalha espiritual é nos deslocar para o combate aos anjos caídos, deixando ociosos os anjos bons e a vontade dos homens maus. O liberalismo não combate demônios por não crer neles, e tende a aderir às ondas seculares por afirmar a bondade natural, ou não crer no pecado original, ou no caráter normativo histórico e universal da Revelação.
O conflito cósmico entre o bem e o mal se projeta na História, ou, para parafrasear Agostinho de Hipona, a Cidade do Homem reflete a luta entre a Cidade de Deus e a Cidade do Diabo. A inserção dos cristãos na cultura pressupõe tanto o conhecimento, quanto o discernimento e a intercessão. Quando isso não ocorre, estamos sujeitos a cometer graves equívocos. Como aplicar à cultura, na concretude da História, a parte que nos cabe na oração: “...seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu...”. No céu, Deus garante; na terra a tarefa é nossa.
Creio que a nossa parte nessa oração não se realiza pelo isolamento cultural, pelo aprisionamento a culturas do passado, pela criação de guetos de contracultura, ou, no outro extremo, pela adesão acrítica. Vivemos uma tensão criativa com a cultura, e a contracultura cristã se faz por dentro e não por fora ou por cima da cultura.
Que racionalização, que acomodação, ou que vaidade intelectual justificaria a adesão de cristãos a agenda secularista ou a agenda GLSTB? É claro que não há riscos de martírio quando não se confronta com o espírito do século, e com o espírito do príncipe do século.
Se a academia, as artes, a mídia, os instrumentos de política pública ou o folclore são palcos do fazer cultural e da luta espiritual inerente, é para aí que, na diversidade das nossas vocações e dons, somos enviados como missionários do Reino, onde conheceremos vitórias e derrotas, em um processo contínuo pelas gerações. Como evangélicos, essa missão inclui sempre a proclamação de Jesus Cristo, como Senhor, e o chamamento à reconciliação de toda a Criação com o Pai, por meio dele.
Por outro lado, creio que não nascemos em um determinado tempo e lugar, em uma determinada cultura por acaso, mas, sim, como um ato da Providência. Se vivemos a realidade da mundialização, também vivemos a realidade de ser brasileiro e nordestino na primeira década do século vinte e um. E estamos nesse tempo-espaço-cultura como indivíduos cristãos, bem como integrantes da comunidade cristã, o Povo da Segunda Aliança, a Igreja Una, Santa, Católica e Apostólica de Jesus Cristo. Como cristãos não temos outra opção senão o resgate do mandato cultural. Como evangélicos, somos chamados a encarnar, de forma santificante, em nossa cultura, e a responder, como embaixadores, ao que a mundialização nos propõe.
Esperamos, por fim, tendo cumprido a nossa missão cultural, integrarmos a delegação dos salvos brasileiros que integrarão a multidão de vestes brancas, que estará diante do Cordeiro, dentre aqueles, em suas diferenciações, “...de todas as nações, tribos, povos e línguas...” (Ap 7.9).

Dom Robinson Cavalcanti